sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Faltam 10 dias pra desmontar a árvore

Passou. Ufa!
Atire a primeira rena quem não teve ataque de ansiedade com o Natal que, de acordo com alguns enfeites, começou em outubro, logo depois do dia das Crianças.
Caixas e mais caixas foram retiradas dos armários no final de novembro. Montar a árvore, colocar o enfeite com pinhas na porta de entrada, tirar o pó de tudo, um início de rinite e diversas miniaturas de Noel espalhadas pela casa. Tudo para criar o clima. E vermelho, muito vermelho. Dourado e efeito de neve também.
A família é convidada pra pendurar na árvore anjinhos, trombetas, ursinhos, laços, caixinhas, bolas brilhantes, foscas, de tecido, feitas em casa ou compradas na 25 de março, mas declinam. Ninguém pediu pra você montar tudo isso. Nada de desânimo, cada uma das duzentas e trinta e duas pecinhas acumuladas ao longo dos últimos anos, darão personalidade à sua árvore. Tem aquele enfeite de massinha feito pelo seu filho na pré-escola, tão fofo - você tem certeza que seu neto precisa ver isso, então, mãos à obra!
Casa decorada, calendário do advento recheado de surpresinhas para os pequenos, chegou a parte logística: passar que dia na casa de quem?

- Jantar no dia 24 na casa da minha mãe, mas antes damos uma passadinha rápida na casa da tia Lúcia. No dia 25, almoçamos com seus pais e depois passamos na casa do Beto e da Re.

E se a família for de pais separados? Tsc, tsc, tsc... farpas e pouco espírito natalino surgem nessa época, algo semelhante a um campo de batalha.

- Esse ano é com a MINHA mãe, as crianças foram pra casa da jararaca da sua mãe no ano passado, nem vem com história que já está tudo organizado, os presentes comprados, todos estão esperando a Bilú e o Teozinho pra ceia. Fizeram tudo especialmente pra eles!

A data é tão sagrada, que acreditamos piamente que ninguém vai parar no hospital na hora de sair de casa ou que alguma tia com mais de oitenta vai cair da escada. Não, isso não acontece no Natal. Isso é para os outros 300 e tantos dias. A lista é longa, mas já passou. Agora, é esperar pelo Ano Novo pra relaxar, descansar e criar fôlego pra guardar tudo que foi retirado do armário.
O Dia de Reis está chegando.


domingo, 8 de dezembro de 2013

família

é um saco.
se você nunca pensou isso, está mentindo pra si mesmo. é fato. família é um saco.
assim como o céu sobre nossas cabeças, a família está sob nosso chão. eles comentam, criticam, palpitam, telefonam, ignoram - comentam e criticam de novo. telefonam mais uma vez.
trocamos receitas com a mãe. ouvimos críticas. você está muito gordo(a), seu marido não presta, sua esposa é uma louca e seus filhos - que ela tanto ama - são malcriados. culpa sua. não foi assim que eu te eduquei. pode ser seu pai quem fale isso.
se você não teve filhos, incompetência cavalar, não saberá cuidar do gato, ou do cachorro ou de si mesmo(a). e pensar que dediquei minha vida à você. ou não.
sempre sabemos um dos outros. casamentos, divórcios, filhos mal sucedidos ou exemplares, doenças e algumas viagens. aquele que bebe, o que joga, a que se formou, o que está morando no exterior, aquele que tem uma carreira fantástica, o que está no lodo, ou o que é feliz - e isto é um absurdo. feliz!? é, feliz. simples assim.
nascem sobrinhos, morrem tios-avós, casam-se jovens que nem sabemos o nome e destes, nascem filhos - que também não saberemos quem são. muita gente.
uns se mudam, outros se divorciam, alguns afundam. sempre tem alguém da família a par do que está acontecendo. serei eu? você? alguém sabe, e passa pra frente. bom? mal? desinteressante?
aos quinze, você acha um saco, não se lembra dos nomes, não sabe quem é quem. aliás, qual é mesmo o nome da sua bisavó? do irmão do seu avô?
aos vinte e cinco, talvez um pouco mais, terá que levar o convite de casamento na casa daquele tio que não vê há... bom, nunca viu, mas ele é o primo querido da sua mãe. nem é seu tio mesmo...
quando já tiver filhos, ao redor dos trinta e cinco, quarenta anos, vai apresentar cada um dos seus primos - e os filhos deles - pra cada um dos seus próprios primos, com quem deu muita risada e aprontou um monte na casa da sua vó. e seus filhos vão achar isso um saco.
aos cinquenta, você vai querer encontrar em cada um deles, parte da sua história. relembrar o que tiveram juntos, dar risada das besteiras que fizeram, compartilhar com os pais o que era segredo. vai querer pertencer a alguma coisa. vai querer pertencer a essa coisa que é um saco e que chamamos família. e é bom. ou não.