domingo, 8 de dezembro de 2013

família

é um saco.
se você nunca pensou isso, está mentindo pra si mesmo. é fato. família é um saco.
assim como o céu sobre nossas cabeças, a família está sob nosso chão. eles comentam, criticam, palpitam, telefonam, ignoram - comentam e criticam de novo. telefonam mais uma vez.
trocamos receitas com a mãe. ouvimos críticas. você está muito gordo(a), seu marido não presta, sua esposa é uma louca e seus filhos - que ela tanto ama - são malcriados. culpa sua. não foi assim que eu te eduquei. pode ser seu pai quem fale isso.
se você não teve filhos, incompetência cavalar, não saberá cuidar do gato, ou do cachorro ou de si mesmo(a). e pensar que dediquei minha vida à você. ou não.
sempre sabemos um dos outros. casamentos, divórcios, filhos mal sucedidos ou exemplares, doenças e algumas viagens. aquele que bebe, o que joga, a que se formou, o que está morando no exterior, aquele que tem uma carreira fantástica, o que está no lodo, ou o que é feliz - e isto é um absurdo. feliz!? é, feliz. simples assim.
nascem sobrinhos, morrem tios-avós, casam-se jovens que nem sabemos o nome e destes, nascem filhos - que também não saberemos quem são. muita gente.
uns se mudam, outros se divorciam, alguns afundam. sempre tem alguém da família a par do que está acontecendo. serei eu? você? alguém sabe, e passa pra frente. bom? mal? desinteressante?
aos quinze, você acha um saco, não se lembra dos nomes, não sabe quem é quem. aliás, qual é mesmo o nome da sua bisavó? do irmão do seu avô?
aos vinte e cinco, talvez um pouco mais, terá que levar o convite de casamento na casa daquele tio que não vê há... bom, nunca viu, mas ele é o primo querido da sua mãe. nem é seu tio mesmo...
quando já tiver filhos, ao redor dos trinta e cinco, quarenta anos, vai apresentar cada um dos seus primos - e os filhos deles - pra cada um dos seus próprios primos, com quem deu muita risada e aprontou um monte na casa da sua vó. e seus filhos vão achar isso um saco.
aos cinquenta, você vai querer encontrar em cada um deles, parte da sua história. relembrar o que tiveram juntos, dar risada das besteiras que fizeram, compartilhar com os pais o que era segredo. vai querer pertencer a alguma coisa. vai querer pertencer a essa coisa que é um saco e que chamamos família. e é bom. ou não.

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